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Tecnologia e Coparentalidade: como as ferramentas digitais podem ajudar no exercício da guarda compartilhada

  • Foto do escritor: Bravo Godoy Perroni Advocacia
    Bravo Godoy Perroni Advocacia
  • 8 de set.
  • 3 min de leitura

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Desde a entrada em vigor da Lei 13.058/2014, a guarda compartilhada passou a ser a regra no Brasil. O modelo propõe que pai e mãe compartilhem, de forma equânime, os deveres e responsabilidades relacionados à vida da criança, ainda que a convivência não ocorra na mesma proporção. A ideia é clara: promover o melhor interesse do filho, assegurando que ele mantenha vínculos saudáveis com ambos os genitores, mesmo após a dissolução da vida conjugal.


Na teoria, essa corresponsabilidade parece simples. Mas, na prática, manter uma comunicação contínua, tomar decisões conjuntas e alinhar rotinas em lares diferentes pode ser desafiador, especialmente quando o histórico da separação envolve mágoas ou divergências profundas.


A rotina compartilhada em casas diferentes

Quando um casal se separa e há filhos em comum, o que se encerra é o vínculo conjugal, mas o vínculo parental permanece. E ele precisa ser exercido com responsabilidade, empatia e presença ativa.


Entretanto, a rotina de quem convive em tempo alternado com a criança tende a ser complexa: são duas casas com horários, regras, expectativas e estilos de cuidado diferentes. Há remédios que precisam ser administrados nos mesmos horários, tarefas escolares que precisam de acompanhamento em ambas as casas, atividades extracurriculares que exigem transporte e organização, aniversários e eventos que precisam de alinhamento.


Além disso, decisões importantes - como a escolha da escola, do pediatra ou do início de uma terapia - exigem diálogo e cooperação, o que nem sempre é fácil em uma relação desgastada.


Nesse cenário, a tecnologia pode atuar como ponte. Não no sentido de substituir o diálogo humano, mas de criar estruturas objetivas para que a comunicação se torne mais fluida e menos sujeita a ruídos ou esquecimentos.


Ferramentas tecnológicas a favor da coparentalidade

Nos últimos anos, surgiram diversos aplicativos e plataformas digitais pensadas para ajudar famílias em guarda compartilhada a manter uma organização mínima e uma comunicação mais eficaz. A seguir, exemplificamos algumas disponíveis:


1. Dinda – Gestão familiar colaborativa

Voltado para facilitar o dia a dia das famílias, o app Dinda permite criar listas de compras, lembretes compartilhados, calendários de atividades, registro de medicamentos e checklists com inteligência artificial. Ele pode ser usado por ambos os genitores (e por outros cuidadores, como avós ou babás), promovendo uma rede de cuidado inteligente e compartilhada.


2. Compartilhando a Guarda – Pensado para pais separados

Desenvolvido com foco específico na guarda compartilhada, esse aplicativo permite registrar acontecimentos importantes da vida da criança, organizar despesas com recibos e anexos, compartilhar documentos relevantes (como atestados médicos, boletins escolares e laudos psicológicos) e manter um calendário de convivência atualizado. A comunicação ocorre por mensagens internas, com confirmação de leitura.


3. Os Nossos – Comunicação estruturada e decisões conjuntas

Esse app nacional organiza a vida da criança com base em quatro pilares: comunicação, convivência, finanças e decisões. As mensagens são trocadas por assunto, evitando a mistura de temas e facilitando a consulta posterior. O objetivo é claro: prevenir conflitos e permitir que as decisões parentais sejam registradas com clareza e boa-fé.


4. Soluções simples, mas poderosas

Nem sempre é necessário investir em uma plataforma paga. Muitas famílias encontram soluções eficientes em ferramentas já disponíveis, como:


  • Google Agenda compartilhada com e-mail exclusivo da criança.

  • Pastas no Google Drive ou outro serviço em nuvem com documentos relevantes.

  • Planilhas colaborativas com controle de despesas ou cronogramas escolares.

  • Contas bancárias ou carteiras digitais com acesso conjunto, para despesas com mensalidade escolar, alimentação, transporte, dentre outras.


O mais importante é que essas ferramentas funcionem como suporte à coparentalidade, e não como mais um ponto de conflito. Por isso, é fundamental que ambos os genitores estejam abertos a utilizar os recursos com transparência e foco no bem-estar da criança.


Tecnologia não resolve tudo, mas pode facilitar muito

É importante lembrar que nenhum aplicativo substitui a necessidade de diálogo honesto, escuta ativa e respeito mútuo entre os pais. Mas, quando usados com responsabilidade, esses recursos ajudam a diminuir ruídos, evitar esquecimentos e criar uma rotina mais previsível e segura para a criança.


A adoção de ferramentas tecnológicas pode representar um passo importante para construir uma parentalidade mais organizada, pacífica e colaborativa.




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