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Comunicação Não Violenta, por Marie Bèndelac: Sequestro emocional — o que é


Quem nunca reagiu de maneira desproporcional, diante de uma situação, seja na vida pessoal, seja no trabalho?


Por exemplo, você ter brigado ou gritado por algo que parecia irrelevante para os outros, mas que, para você, era inaceitável ou insuportável.


É aquele tipo de situação em que tudo acontece muito rápido e, quando você percebe, a emoção já tomou conta, o estrago já foi feito, e você se arrepende por ter agido daquela forma. Já passou por isso?


Esse tipo de reação, que parece exagerada, é resultado do que o psicólogo Daniel Goleman chamou de “sequestro emocional“ ou “sequestro da amígdala”. A amígdala é uma das partes do cérebro responsável por reações emocionais, quando, por exemplo, é identificado um perigo ou risco iminente (real ou imaginário) a fim de garantir a nossa autopreservação e sobrevivência.


Essas reações podem ser estimuladas por emoções (raiva ou medo, por exemplo) a partir de gatilhos como:

— sentimento de injustiça; — falta de respeito e/ou consideração; — falta de empatia; —descoberta de uma traição; — mentira; — falta de integridade; — ataque ou ameaça a um valor pessoal (religião, família, autonomia, liberdade, honestidade etc.)


É comum ver pessoas “enlouquecerem” e se tornarem agressivas durante uma briga, simplesmente porque o outro é incapaz de demonstrar empatia.


Diante de um sofrimento intenso que não é acolhido nem reconhecido pela outra parte, a pessoa que está sofrendo entra em desespero e pode acabar gritando coisas como: “Você não me entende!!!”, “Quero que você morra!”, “Não quero mais te ver!!!” …


Nesse caso, tipicamente, a reação parece totalmente desproporcional porque o outro não gritou, “não fez (aparentemente) nada” para que a pessoa tenha ficado nesse estado… Mas é importante saber que a falta de empatia é um dos sentimentos mais violentos e enlouquecedores para um ser humano.


E aconteceu comigo essa semana. Eu “pifei”, perdi o controle. Diante de uma dor imensa que não foi compreendida nem acolhida por pessoas com quem eu estava em conflito, senti um desespero imenso e acabei gritando ao ponto de ficar quase sem voz.


É claro que a primeira reação que as pessoas demonstram, quando esse tipo de situação acontece comigo ou com outro profissional de Comunicação Não Violenta (CNV), é “jogar na cara” que esse tipo de atitude não é digno de um especialista em CNV – como se os profissionais dessa área não pudessem nunca sentir raiva nem sair do seu eixo. Contudo, antes de qualquer coisa, nós somos humanos, e a nossa amígdala funciona do mesmo jeito que a amígdala de pessoas “comuns”.


Qualquer pessoa pode sofrer um sequestro da amígdala, por mais que seja treinada. A tendência é apenas acontecer com menos frequência do que aconteceria se não treinasse a inteligência emocional.


A raiva é um sinalizador importante de que um limite foi ultrapassado. Ela deve ser gerenciada, mas reprimi-la totalmente pode ser perigoso e nos adoecer.


Quem não explode, implode. Eu já fui muito de implodir ao invés de explodir, porque eu não me permitia sentir raiva nem gritar com ninguém – eu era a verdadeira “boazinha”. Isso, porém, me custava a saúde e fazia com que eu permitisse às pessoas abusarem da minha paciência, bondade e tolerância.


Se você já passou por isso, não se culpe – busque praticar a autocompaixão. É normal e até saudável você se arrepender pelo que disse ou fez durante o sequestro emocional, mas culpar-se não vai ajudar em nada.


Pode ser mais construtivo você analisar a situação a posteriori, para entender quais necessidades ou valores seus não foram atendidos quando você saiu do seu eixo. Lembra a última vez que isso aconteceu? O que tirou você do sério: injustiça? Falta de respeito? Falta de empatia? Mentira? Falta de integridade? etc.


A partir dessa clareza, você poderá aumentar a probabilidade de evitar uma perda de controle em uma situação parecida no futuro, pois terá ganhado em consciência e autoconhecimento.


Nem sempre poderá evitar reagir ao gatilho, porque a amígdala é mais rápida do que o cérebro racional. Ou seja, as emoções disparadas pela amígdala são mais rápidas do que qualquer pensamento racional que possa evitar uma reação exagerada. No entanto, é possível desenvolver mais autocontrole e se acalmar cada vez mais rápido.

À medida que você vai treinando e se conhecendo, pode perceber, cada vez mais rápido, que você esta sendo engatilhado, e interromper a discussão para evitar o pior.


Mas… lembre-se: por mais que não seja intencional ou consciente, a falta de empatia acaba sendo uma violência que causa um sofrimento imenso nas pessoas! O mundo precisa urgente de mais empatia. Concorda?



(21) 97552-2484 (WhatsApp)

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